domingo, 18 de setembro de 2011

PALESTRAS - UNIFESP

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Fórum prega políticas públicas para preservação do patrimônio cultural escolar

Sílvio Anunciação
Edição das imagens:
Everaldo Silva
Cristina Menezes: políticas públicas precisam funcionar

[15/9/2011] Em mais uma edição do Fórum Permanente sobre os Desafios do Magistério, a Faculdade de Educação (FE) da Unicamp reuniu autoridades e pesquisadores de todo o Estado de São Paulo para acenar sobre a importância de políticas públicas para a preservação do patrimônio cultural escolar. O evento, organizado também pela Associação de Leitura do Brasil (ALB) e Rede Anhanguera de Comunicação (RAC), aconteceu nesta quinta-feira (15), no Centro de Convenções da Unicamp.

“A proposta é justamente trazer pessoas de outras instâncias. Estão presentes aqui representantes do Arquivo do Estado de São Paulo e do Centro de Referência Mário Covas, para que possamos ter uma discussão mais ampla. Nosso objetivo é também sensibilizar autoridades para que as políticas públicas em prol da preservação de fato funcionem e nos ajude para que daqui a alguns anos nós não precisemos voltar aos porões destas instituições para recuperar esse material”, afirmou Maria Cristina Menezes, organizadora do evento e coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação, Cultura Escolar e Cidadania (Civilis) da FE.

forum_mesa_290x240_110915.jpgCristina Menezes foi responsável pela recuperação de grande parte do arquivo histórico da Centenária Escola Normal de Campinas. Junto com colaboradores, ela resgatou mais de mil documentos produzidos pela instituição, registrados no livroInventário Histórico Documental: Escola Normal de Campinas (1903-1976) – De Escola Complementar a Instituto de Educação.

“Agora, estamos trabalhando com os três primeiros grupos escolares de Campinas e com o antigo Colégio Culto à Ciência, hoje Escola Estadual. O Colégio começou a funcionar em 1874. Campinas tem um acervo e uma história riquíssima”, justifica. Ainda de acordo com ela, o Arquivo do Estado de São Paulo está com a proposta de fazer trabalho de preservação com uma equipe itinerante. “É interessante porque não é somente na área da educação, é em todas as repartições públicas do Estado. E no nosso caso, veio ao encontro do que nós já estávamos fazendo na Faculdade de Educação há 10 anos”, lembra.

O diretor da Faculdade de Educação, Sérgio Antônio da Silva Leite, salientou a importância dos Fóruns do Magistério, “espaço em que os grupos de pesquisa da FE podem compartilhar suas ricas pesquisas e conhecimentos acumulados”.
Carmen Zink Bolonhini, da Coordenadoria Geral da Unicamp (CGU), disse que “o conhecimento sobre a história é fundamental, é a base que nos permite construir o futuro”. Também participaram da abertura do evento, Alessandra da Silva, da Diretoria Regional de Ensino Campinas Leste; Gabriela Rigotti, da ABL e Fabiano Ormaneze, da RAC.

19/07/2011 - 193 anos do Museu Nacional

Rebelião no Chile: mobilizações estudantis continuam

Rebelião no Chile: mobilizações estudantis continuam

Por Fábio Nassif


No dia 08 de setembro, os estudantes realizaram uma marcha silenciosa em homenagem a Manuel Gutiérrez, jovem de 16 anos morto pela força policial chilena. No próximo dia 11, outra manifestação marca o aniversário da morte do presidente Salvador Allende e o golpe militar de Augusto Pinochet.

Confira abaixo um vídeo-reportagem com as últimas informações sobre as manifestações no País:

Crise na Espanha: mais indignação popular, menos democracia representativa

Crise na Espanha: mais indignação popular, menos democracia representativa

Por Fabíola Munhoz
Especial para Caros Amigos

Barcelona (Espanha) - Ignorando a presença de milhares de pessoas em protestos pelas ruas de Madri, o Senado da Espanha aprovou, na última quarta-feira (7/9), a reforma da Constituição Federal espanhola, que limita o déficit público do país a 0,40% do PIB, para legitimar políticas de austeridade econômica, em teoria, necessárias frente ao atual contexto de crise financeira.

A proposta chegou à Câmara alta do Parlamento espanhol depois de aprovada pelo Congresso de deputados da Espanha no dia 2/9. Enquanto os deputados votavam contra a vontade popular, reafirmando o lema do movimento 15-M, “ninguém nos representa”, os indignados de Barcelona se organizavam numa grande jornada de debates e reflexão, chamada Universidade Indignada 15-M, que se iniciou no dia 1º/9 e segue até amanhã (10/9), com atividades previstas para tratar diferentes temas, em diversos bairros da cidade.

Os assuntos abordados nesses encontros íam desde economia alternativa e moeda social até crise ecológica e capitalismo, passando por educação e os últimos recortes de investimentos públicos em saúde realizados pelo governo catalão. Dentro dessa programação, resolvi conferir uma discussão específica sobre a configuração e o futuro do movimento 15-M, realizada no último domingo (4/9), na Praça da Vila do bairro de Grácia.

Quando cheguei ao local, uma banda de jazz tocava sua última música, antes que começassem a desmontar o palco instalado ali para abrigar artistas participantes de um dos muitos festivais artísticos realizados no bairro durante o verão. Em seguida, sentei-me num dos bancos da praça para aguardar qualquer sinal da presença dos ativistas por democracia real, quando me dei conta de que uma grande mesa de madeira montada a minha frente era tomada por militantes do movimento, que compartilhavam um grande almoço coletivo.

“Se vocês quiserem um pouco de paella, fiquem à vontade. Há cadeira, prato e comida para todo mundo”, convidou um senhor simpático de cabelos compridos e grisalhos. Dois rapazes que se sentavam ao meu lado aceitaram o convite, enquanto eu preferi observar de longe a movimentação, até que as discussões, de fato, tivessem início. Então, percebi que a troca de opiniões e pensamentos sobre política e mobilização popular já haviam começado. Duas senhoras, entre uma garfada e outra, discordavam sobre a melhor maneira de enfrentar o poder do Estado. O embate de ideias foi se acirrando, como percebido pelo aumento do volume de voz das duas, até que uma delas desistiu da conversa e se levantou com expressão de irritada. “Demócrata!”, chamou-lhe a outra.

Achei graça em ver uma palavra relacionada à democracia se transformar em insulto, na boca de uma senhora. E continuei vendo tudo à distância, enquanto outras duas mesas foram montadas para acolher outras pessoas, que chegavam ansiosas por provar a refeição coletiva, indicando que o debate ainda tardaria a começar. Durante esse tempo, tive distração garantida por uma dupla de artistas, que apresentou algumas canções compostas por acordes de rock pesado e poesia ácida. O show improvisado ainda contou com baladas revolucionárias, tocadas na guitarra por um garoto, e poesias indignadas declamadas por um escritor desconhecido.

Debate

Ao final do espetáculo, depois de um tempo para café, cigarro e brincadeira dos adultos com as muitas crianças presentes no local, enfim, o debate sobre o 15-M começaria, formado por cerca de 20 pessoas. Como éramos poucos, a conversa foi dividida em dois turnos de palavras, nos quais todos teriam oportunidade de falar, caso quisessem. O primeiro seria destinado a compartilhar a definição de cada um para o 15-M, enquanto o segundo se reservaria à proposição de medidas concretas e estratégias de continuidade do movimento.

Aproveitei a minha vez para dividir com os presentes o estranhamento que sinto diante da presente indignação popular espanhola e da crise financeira europeia, que não consigo ver em lugar algum. “Minha dúvida é se o 15-M luta mesmo contra o capitalismo, sem respeito a fronteiras, ou pretende reclamar somente a manutenção da qualidade de vida espanhola. Afinal, o que na Europa é visto como crise e queda de investimentos em serviços públicos é o paraíso, em comparação com o Brasil, onde a população nunca teve acesso a direitos básicos, como educação fundamental”.

Um rapaz jovem e simpático, sentado ao meu lado, concordou, e disse que passou alguns meses na Palestina, onde pôde perceber a influência de políticas econômicas internacionais sobre a realidade interna daquele país. “Essa revolução que acontece agora na Espanha é mesmo uma revolta da classe média. Não se enganem. A mesma coisa acontece com os indignados de Israel”, acrescentou um homem de barba, cuja opinião é de que o 15-M ponha em prática o discurso de defender a mudança do sistema capitalista global e a luta social encabeçada por diversas bandeiras.

A maioria dos demais participantes desse debate compartilhava esse pensamento, mas sentia falta de um planejamento mais objetivo, que permitisse ao movimento, primeiramente, alcançar conquistas locais para, depois, fortalecer-se a ponto de poder reivindicar transformações maiores. Todos definiram o 15-M como a percepção de um sopro de ar por uma sociedade que antes se via morta e inerte diante da contínua perda de participação política pelos cidadãos ao longo dos últimos anos.

“Na minha opinião, o futuro do movimento, que já passou da fase das acampadas, deve ser o da democracia real já. Ou seja, articular a organização das pessoas em assembleias de rua e de bairro, que permitam à própria população decidir sobre a aplicação do seu orçamento. Dessa maneira, também se poderiam organizar os profissionais de cada localidade para que atendessem às necessidades dos moradores do entorno, independentemente da liberação de recursos públicos, para assim sermos cada vez mais livres da presença do Estado”, sugeriu a senhora que havia “xingado” a amiga de demócrata.

“Proponho que essa jornada Universidade Indignada 15-M se estenda ao longo do tempo, como um sistema de formação cidadã, e também creio que seria interessante estimularmos iniciativas cooperativistas em cada bairro, chegando à tentativa de fazer circular, nessas localidades, uma moeda social”, afirmou um senhor grisalho, chamado Fernando.

Outras ideias surgiram do bate-papo, como um mutirão para coleta de reivindicações populares de cada bairro, a busca coletiva por reduzir consumo e depositar dinheiro em bancos éticos e, até mesmo, um mercado popular que já vem sendo organizado em Grácia e em outros locais de Barcelona. O debate seguiu até 21h00 e, depois, ainda haveria uma reunião de articulação entre bairros.

Assembleias de bairro

A organização da comunidade em assembleias de bairro, de fato, vem crescendo e se aprimorando, em Barcelona (www.acampadadebarcelona.org), como revela a plataforma virtual criada pela acampada da cidade, onde o internauta pode encontrar informações sobre todas as atividades realizadas por cada localidade, clicando no enlace correspondente a cada uma. Por isso, é bem possível que as ideias levantadas na conversa de ontem sejam postas em prática num futuro próximo, caso essa mobilização perdure.

Quanto à atuação do movimento no sentido de enfrentar diretamente o Poder do Estado, foram concentradas em Madri as maiores manifestações contra a reforma da Constituição espanhola. Os indignados madrilenhos tomaram novamente as ruas, somando-se a uma mobilização popular convocada por associações de operários da cidade, na última quarta-feira (7/9), data de aprovação da proposta pelo Senado.

Agora, a população somente se fará ouvir sobre a reforma, caso seja convocado um referendo no prazo de 15 dias, de acordo com pedido formalizado por 1/10 dos parlamentares da Câmara ou do Senado. Isso quer dizer que seriam necessários 35 deputados do Congresso ou 26 senadores favoráveis à consulta popular.

Se, ao contrário, nesse mesmo período nenhum pedido de referendo for feito, a alteração constitucional entrará automaticamente em vigor. Para debater esse risco e buscar formas de pressão aos parlamentares, os "indignados" de Barcelona se reuniram ontem (8/9) numa Assembleia emergencial após a realização de uma caçarolada, na Praça Catalunha. Hoje novos protestos acontecem na capital catalã e também em Madri.

Assim segue a revolução espanhola que, se está longe de ser levada em conta pelos representantes políticos do próprio país, por outro lado, ecoa no resto do mundo, a exemplo da acampada de indignados em Israel, iniciada no dia 3/9. Tal cenário faz com que caibam ao fim desse texto as palavras de um dos participantes do debate sobre o 15-M em Grácia, o mesmo senhor que me havia oferecido a paella comunitária.

“Um governo democrático de verdade deve ter a liberdade dos cidadãos como ponto de partida, e não como um fim. Por isso, hoje ninguém nos representa, e sequer nos representamos a nós mesmos. Apenas nos apresentamos nas ruas e em conversas como esta, com toda nossa indignação”.

Fabíola Munhoz é jornalista.