domingo, 7 de agosto de 2011

Tempos de Crise: A tempestade se avizinha

Um excelente artigo de José Arbex Jr. publicado na revista caros amigos. Vale a pena ser lido.


Tempos de Crise: A tempestade se avizinha

Por José Arbex

Difícil avaliar o que é mais impressionante: as dimensões da crise mundial do capital ou a capacidade dos meios de comunicação hegemônicos de obscurecer a sua gravidade, e até gerar a impressão de que “o pior já passou”. A esquerda tupiniquim – ou melhor, aqueles parcos resíduos que sobraram do que um dia foi a esquerda –, salvo honrosas exceções, parece anestesiada pela operação midiática de hipnose coletiva e prefere acreditar no conto de fadas da “marolinha”. Sem pretender qualquer exercício de futurologia, e sem adotar a empáfia dos “especialistas”, o mero bom senso indica um quadro extremamente grave, cuja moldura pode ser assim descrita:

Os Estados Unidos ainda estão muito longe de se recuperar do tsunami financeiro iniciado há quatro
anos. Em 16 de maio, soaram novos sinais de alarme, quando a dívida pública estadunidense atingiu o teto histórico de 14,3 trilhões de dólares, o limite autorizado pelo Congresso, praticamente empatando com o PIB do país. A dívida pública é a soma de todos os empréstimos feitos pelo governo junto a credores (privados ou não, nacionais e internacionais) para financiar gastos não cobertos pela arrecadação dos impostos. O PIB é a soma total de bens e serviços produzidos ao longo do ano. Isso coloca uma dúvida sobre a capacidade de os Estados Unidos “honrarem o pagamento” junto aos seus credores em todo o mundo, incluindo China,
Japão, Alemanha e o Brasil – países com fortes reservas em dólar.

Pela primeira vez na sua história recente, os Estados Unidos foram considerados um mercado de risco para investidores, com notas negativas dadas pela agência especializada Standard & Poor’s (ironicamente, trata-se do mesmo sistema de classificação tradicionalmente usado para aterrorizar o
Brasil e outros países “emergentes” e “subdesenvolvidos”). A agência admite que todas as medidas
usadas pelo governo Obama para salvar os bancos e as grandes empresas falimentares deram resultados pífios. Os déficits fiscais (diferença entre receitas e despesas do governo ao longo do ano) saltaram de 3% do PIB em 2008 para 11% projetados até o final de 2011. A dívida não para de crescer.

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